RESENHA: A Atriz - Mônica de Castro

Tália Uchôa, a história da famosa atriz de teatro de revista da década de 1940.

Mais um livro super envolvente da nossa parceira Editora Vida & Consciência, A Atriz é um livro que já me prendeu em suas primeiras páginas. Fui me envolvendo de tal maneira com as histórias dos personagens que não queria parar de ler.

No livro, o passado e presente se encontram, proporcionando aos personagens viverem e descobrirem no amor e no perdão os caminhos para evoluir espiritualmente. 

Vivendo no plano espiritual em total desligamento da sua vida de encarnada, Tália sente um tremor repentino no mesmo instante em que na Terra, seus restos mortais estão sendo encontrados por seu neto Eduardo. Começa então a pensar na vida que teve. Nos seus amores, suas tristezas, pessoas queridas, na dor e na solidão em que tudo acabou. 

Tália Uchôa então volta seus pensamentos na época em que era apenas Amelinha... 

Irmã mais velha de Cristina, as duas viviam as voltas em brigas e desavenças, já que Amelinha considerava sua irmã muito mais bonita e de quem todos gostavam. Mas Cristina na verdade era doce e gentil. Lembrou-se de seu padrasto Raul, que sempre a defendia das constantes brigas familiares, mas que a amava e a desejava em segredo, mesmo sendo Amelinha apenas uma garotinha. 

Em suas lembranças do passado, com certeza, sempre estava sua mãe Teresa. Uma mulher amarga, dura, que odiava Amelinha. Seu ódio era tão forte que as vezes se esquecia de que ela era sua filha, e depositava em Cristina todo o seu amor. 

Teresa era obcecada pelo marido. Via nas atitudes de Amelinha todo tipo de defeito. Ciumenta a ponto de ofender com todas as palavras de baixo escalão a filha, que ela sabia (desconfiava) que o marido amava, mesmo nunca tendo havido nada entre os dois. 

Um dia as duas irmãs acabariam por vivenciar juntas a maior dor de suas vidas. Pequenas, indefesas e ingênuas, sem nada conhecer da maldade do mundo, apenas as tristezas do lar, acabam sendo estupradas. Mesmo diante de todas as evidencias, sua mãe Tereza coloca a culpa do estupro em Amelinha, e cuida apenas de Cristina. Raul, o padastro em quem cuida dela e eles cada vez mais se tornam amigos para desespero da mãe. 

Diante da amizade que surge entre os dois, e por ciúmes do marido, Tereza manda a filha para viver com uma prima na cidade grande que a faz de escrava dos trabalhos domésticos e também obriga Amelinha a se "prostituir" para Sr. Anacleto seu inquilino da pensão, recebendo dele dinheiro em troca das horas que passava com Amelinha. 

No plano espiritual Amelinha se lembra de tudo que teve que passar para se tornar Tália Uchôa, uma atriz de teatro de revista da década de 1940. Dançarina respeitada que teve uma vida rica e glamourosa e uma morte solitária. Mas que agora precisava ajudar seu neto a se livrar da embriagues e da obstinação que ele tinha por ela. Precisava de algum modo envolver-se de luz para mudar o sentimento de ódio que sua filha sentia por ela. 

Uma história de passado e presente em que o amor precisa ser resgatado para que encarnados e desencarnados possam seguir um caminho de luz espiritual, buscando através do conhecimento de suas histórias respostas para se perdoarem. 

Acho que muitas são as Amelinhas que existem até hoje. Tristes vidas com destinos tão cruéis, onde as vezes não conseguimos entender os motivos de tamanha dor e sofrimento. Tenho a certeza de que muitos irão gostar do livro.