domingo, 21 de outubro de 2012

RESENHA: Admirável Mundo Novo - Aldous Leonard Huxley



" Estava quente e claro no terraço. A tarde de verão parecia entorpecida pelo zumbido dos helicópteros que passavam; e o zunido mais grave dos aviões-foguetes que se arremessavam, invisíveis, através do céu luminoso, oito ou dez quilômetros acima, era como uma carícia no ar sereno. Bernard Marx respirou fundo. Ergueu os olhos para o céu, circunvagou-os pelo horizonte azul e, finalmente, fixou-os no rosto de Lenina."

Este livro foi escrito pela primeira vez em 1932. Com várias edições, possui então capas diferentes para cada nova publicação. A que tenho é está. Bem interessante. Acho uma capa difícil de esquecer. Bem marcante.

Admirável Mundo Novo narra um futuro onde as pessoas são pré-condicionadas biologicamente e condicionadas psicologicamente a viverem em harmonia com as leis e regras sociais, dentro de uma sociedade organizada por castas. A sociedade desse futuro não possui a ética religiosa e valores morais que regem a sociedade atual. Qualquer dúvida e insegurança dos cidadãos era dissipada com o consumo da droga sem efeitos colaterais aparentes chamada soma.

A tecnologia faz as vezes de natureza e condiciona de maneira bastante eficaz o que serão os seres humanos. De acordo com os condicionamentos recebidos, eles serão direcionados a uma determinada classe e ficarão responsáveis por um ou outro trabalho. As emoções são suprimidas por meio de drogas, a sexualidade é canalizada pela exacerbação em um ato físico descolado de sentidos humanos e cada vez mais os seres humanos se tornam incapazes de resistirem a essa programação.

Porém, Huxley também nos apresenta Bernard Marx, um sujeito que sente-se insatisfeito com o mundo onde vive, em parte porque é fisicamente diferente dos integrantes da sua casta, e em outra parte porque sente-se... simplesmente insatisfeito onde vive. Então encontra em Lenina não só uma companheira para o sexo como uma confidente, e potencial ajuda em seus objetivos para se livrar das amarras em que vive. Eles se envolvem em uma trama que os leva a conhecerem as reservas dos Selvagens (os seres humanos não feitos em laboratório), traze-los às peculiaridades sem sentido da sociedade voltada à tecnologia para estudo e questionarem, sob muita pressão, o status do qual eram produto e vítima.

A obra de Huxley toca numa ferida aberta, ainda em nosso tempo: a de que quanto mais avançam as tecnologias, mais elas suplantam a humanidade. Essa discussão não tem nada de nova mas nem por isso se tornou velha, e isso por si só, já é indício da atualidade da obra e da profundidade das questões que aborda.

O livro em si é um clássico. Muitos talvez ainda não leram, mas é uma leitura que vale a pena.




2 comentários:

  1. Já ouvi falar deste livro, mas ainda não tive oportunidade de lê-lo, parece muito interessante.

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  2. Acho este livro incível. Parabéns pela resenha.

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